Marcos Feliciano: uma crise necessária na evolução das ideias


Fiquei entusiasmado com a celeuma gerada em torno da nova presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, na pessoa do Dep. Marcos Feliciano.
Trata-se de um conflito político de caráter ideológico anunciado.
O compasso do desenvolvimento histórico dos direitos humanos é fruto de árduo labor de grupos sociais em busca de reconhecimento.
É natural que essa luta passe despercebida por outros grupos centrados em preocupações diversas.
De muito que percebo o anacronismo de alguns setores da interpretação evangélica em relação a temas delicados do campo social, isso somado à ampla legitimação que representantes desse grupo social vêm obtendo no Poder Legislativo.
Quem tem acompanhado o caso pôde perceber um visível contraste entre a postura confiante em torno das ideias homofóbicas e racistas adotadas pelo deputado quando assumiu e as mudanças em seu discurso após se deparar com críticas severas oriundas de vários setores sociais.
Hoje, para surpresa de todos, o pastor inicialmente intransigente em suas convicções religiosas, mostra-se imbuído de provar que está sintonizado com as demandas sociais modernas.
O que ficou claro com isso é que existe uma diferença crucial entre fazer sucesso com ideias anacrônicas em meio ao grupo a que o sujeito pertence e emplacar na arena democrática das ideias contrárias.
Essa mudança de discurso não significa conspurcar a “palavra de Deus” mas contextualizá-la num cenário social construído dois mil anos à frente.
Vejo que o debate e a tolerância produzem crescimento nas ideias.
De minha parte entendo que o Dep. Marcos Feliciano não reúne as qualidades necessárias intelectuais e vivenciais para o cargo que ocupa, mas isso é democracia!