ÁRVORE NO INVERNO

No início da madrugada de 26 de março de 2013

Ofereço a uma amiga, como um abraço fundo

Sentir-se só como uma árvore no ermo, no inverno

árvore com os galhos hirtos

galhos como cruz

assim morta,

assim, sem lembrança de primaveras.

Eu, que morri mais de uma vez

embora agora também

em processos de morte

e de partida de mim

de novo, mais uma vez,

sei que se renasce, amiga,

fênix que somos

fênix como destino

de morrer-renascer

destino de primavera ser.

De tanto se morrer

a gente acaba por se lembrar

do inalienável renascer

do renascer do qual não se pode fugir.

Assim te escrevo, amiga.

Assim, por motivos outros, escrevo para mim.

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