Coração ao mar

Fiz um coração na areia da praia, sentei e fiquei esperando a maré subir... Com o entardecer, as ondas desfizeram minha obra. Por um momento senti um alivio, como se já não a amasse mais. Estava curado da vontade de lhe querer, desta força incessante que roubava meus sonhos e a razão do meu viver. Eu disse viver? Não, de novo não! Como chama ardente sua imagem distorce o pensamento, sou fogo da inconstâncias de minhas memórias.

Louco... Sai correndo e joguei-me no mar revolto de forças desconhecidas, era um ser vagando meio a imensidão daquele infinito. Ousei, tirar-me a vida em nome das vontades. No balançar do oceano, entre idas e voltas, tapas de água cobriam meu corpo, penetravam meus sentidos.

Corpo marcado, no turbilhão de sentimentos, água asfixiando a vontade, encobrindo o meu amor... Ausência de ar, pernas e braços sem movimentos, água por todo lado... E no pensamento uma única certeza, estou conseguindo, está próximo o meu fim.

Naquele instante, de quase êxtase... O mar, retirou-se de mim. Deixando-me na areia, entre a vida e morte, eu sobrevivia à beira mar e as estrelas no céu, diziam: Não se pode roubar a vida de quem nasceu para amar.
Longânimo
Enviado por Longânimo em 25/03/2013
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