Quase invisível
Eu sou a criança que não foi aceita em um grupo, sou a adolescente que nunca se enquadrou em um estilo, sou a moça que não tinha o perfil adequado para aquela vaga, sou a mulher que não tinha o que aqueles homens desejavam, sou um rosto a mais na multidão, sou uma sombra que passa despercebida, sou o perfume que deixa seu rastro pelo caminho, sou os olhos que não são vistos e que as vezes preferem não ver, minha imagem não serve para capa de revistas, os sons que emito não alcançam alguns ouvidos, não fui popular no colégio, não sou a melhor no trabalho, sou um número em estatísticas, sou a ovelha negra da minha família.
Essa sou eu, aos pedaços ou inteira, por beiradas ou nas profundezas, esquecida, imperfeita e sem muitas expectativas, aprendi a me virar e a sobreviver com a minha companhia, venci e perdi minhas guerras em silêncio, me livrei do peso dos meus fracassos e preenchi o que me faltava apenas com a minha frágil essência, me ausento do que não me agrada e não me incomodo mais com o que não acrescenta, estou passando pelo mundo e sou quase invisível, mas, a força de minha existência está transbordando intensamente e ela preenche a todo e qualquer lugar onde sou bem vinda.