Relato sobre um dia qualquer
O meu costume é impróprio.Pode ser dia de chuva ou de sol, mas nada parece bom ou razoável. Nada é tão estranho e os sentimentos não são tão efêmeros. Eu sonho acordada, e quando escrevo parágrafos e linhas, eu não quero aparecer. Minha face não merece tanta estupidez e loucura. Eu pensei em ser advogada, dessas que usam óculos, tem uma coleção de livros na estante e anda com um cachorro do lado. Mas não fui, pensei em ser psicóloga, odontóloga, me fascino pela neurocirurgia. E não foi nada disso. Eu nunca fui adequada. Nunca. E admitir isso é difícil. Saber como as pessoas vão lhe dar com isso é mais difícil ainda. Ninguém acha que algum dia vai ver uma garota de onze anos lendo um livro de filosofia ou indagando a conjugação do verbo ser. Alguém aí já viu duendes? Essa garota pensava que eles existiam. Hoje meus alunos me perguntam por que eu não fui pra outro lugar, por que eu não sou melhor. Eles acham que mesmo tendo domínio do conteúdo e da moral na sala, a carreira de professor desvaloriza toda a minha existência. E por que pensam isso? Eu imagino a resposta, mas tenho medo de acreditar.