NAO É OPÇÃO

PRIMEIRO CAPÍTULO

É com certeza

Hora de pensar, de não ter do que rir

ajoelhando-se ao poder da nobreza

enquanto em fila indiana observa o futuro partir

e o barco de papel some na correnteza

da água parada nada vai emergir

e agora sentado à mesa

servindo-se de uma fatia de pobreza

ao molho de magoa e tristeza

Bebo um vinho do tempo que existia pureza

A garganta embargada tenta uma reza entoar

Enquanto os olhos fitam ao redor

Se vira correndo para chorar

Agonia, desespero e algo pior

Não há vinho, nem família, nem jantar

O medo é agora a maior ditadura

A espada não mais existe

E o álcool é a única armadura

Os móveis empoeirados ao sofrimento assiste

Sentindo exalar o odor da amargura

Quando alguém disse há tempo atrás

O destino é opção, é você quem faz

Nunca foi assim, pode ir pra frente, pode olhar pra traz

Sua auto piedade é um predador sagaz

A guerra é o grito de socorro da paz

Saudade é a distância entre o que se ama e a solidão

Frustação é a altura entre seu sonho e o seu chão

Arrependimento é o flagelo de um simples sim que se tornou um não

E consciência é quando se percebe quanta coisa se fez em vão

Agora que consegui crescer

Vi que nunca cresci

Que só andei ao encontro da hora de morrer

E mesmo com tanta distancia, há tempos morri.

Quem sabe ainda sou um livro que não li

Existe uma outra história, mas ainda não vi

Talvez não esteja morto, apenas ainda não nasci.

E a primeira página do primeiro capítulo começa aqui.

André Cabral Costa

17/03/2013