Armada!

A identidade é um rótulo evocado ao bel prazer da oportunidade.

Sou mulher, velho, criança, viril. Sou pobre, rica, culta, simples... Branca, preta, amarela... Sou vilão, mocinho... Inacabada ou completa.

Sou apenas o que me suscitam. E antes de saber-me, sou o que disseram. Sou o que me fizeram. Sou o que fazem de mim.

Uma potência. Leve proeminência. Tantos projetos...!

Longe do conformismo das identidades xerocadas, rasgo-me em pedaços miúdos e me remonto, mas... NADA!

É que simplesmente SOU.

Traste de ossos ou sonhos. Montes de gente e de solidão. SOU.

O “o quê?” deixo às vozes convenientes que me transformam em santa ou puta, na medida exata da sua história.

E logo hoje, que acordei meio contralto, distribuirei algumas placas, carimbos e etiquetas. Irão escrever aí, em letras garrafais: mulher insana, irritante e traiçoeira. MULHER DE GUERRA!

É que meu equilíbrio me exige berros e a tal serenidade me suscita certo “cabisbaixamento” que quase nunca me coube.

Trarão seus rótulos para a arena e eu os retribuirei com meus verbos imorais.

Montarão meu calabouço de definições numa casta eterna de “disseram que...”. As chaves serão escondidas sob consciências de pedra e só então vós - marionetes deste circo marcado - poderão dormir em paz.

Em 06/01/2011

Alessandra Araújo
Enviado por Alessandra Araújo em 16/03/2013
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