HUMOR

Publicação no início da madrugada de 12 de março de 2013

Sei que o humor e a ironia podem salvar, ao menos atenuar tempo de sentimentos de quase perda total. Quisera eu ter uma postura irônica diante de mazelas sem fim, algumas inimagináveis, muito para fora e para além do “horizonte do provável”, como diz Umberto Eco. Bem o quisera eu, mas a escrita irônica é ocasional em mim, logo, não me pode servir de escudo nem de anestesia. Estou-me, restou-me este ser traído nas suas poucas certezas e por fundas misérias de múltiplas naturezas, na tal chamada “vida real”. Vida real... Ora... ora... Tudo parece irreal em minha vida, em todos os seus mundos, a começar por mim, a mais efetiva e plena das irrealidades (ao menos assim me sinto). Pudera e soubera dizer de tudo com humor... pudera eu fazê-lo, tudo se faria um pouco mais suportável, um pouco menos difícil de deglutir, essa tal vida que, a cada dia perde mais e mais de saber e de sabor. Bem... vida de muitíssimos, de legião, ainda que com as inevitáveis variações de tema e conteúdo; privilégio nenhum de ninguém. O humor... Ah, humor, vem salvar-me, please, enquanto,quiçá, resta algum tempo.

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