AUSENTE DE SI MESMO
“O amor desconhece posição e lugar.
Existe entre uma rainha e o mendigo que faz o rei...”
(Shakespeare)
É como se esperar o dia de partir à “indesejada da gente”... (assim estou). As malas prontas, postas sobre a linha da plataforma sem número... E eu não posso aproximar os ponteiros do relógio porque, ou, pelo simples fato de não ser o dono do Tempo.
Ausente de si mesmo, vivo sem inspiração até para as coisas biologicamente necessárias a viver... Tenho desejo do vinho – não tenho o costume. Mas também será desnecessário compreender, compulsoriamente, os anseios do coração.
Tento criar asas, me renovar, mas, o pensamento logo me retrai a condição de “miserável”. Quero fugir da prisão de Hugo – tenho de fazer senão, meu fim será tão amargo quanto Hamlet de Shakespeare.
O que eu fiz meu Deus? Ainda creio que Tu existes. Não subi à cabana de Zaratustra ao encontro do “super-homem” de Nietzsche – não há pretensão nenhuma – Conservo-me no peito o coração aquecido e, no lábio, o beijo íntegro à amada.