Intelectualismo.

Intelectualismo

Como chego nessa complexidade de me tornar um intelectual? Será que basta eu dormir com os livros, sonhar com as capacidades e fazer amor com o conteúdo?

Talvez eu tenha que buscar coisas além do que eu gosto de ler. Talvez eu tenha que ver nas prateleiras nomes escondidos e poetas mortos.

E, se eu reunir meu conhecimento com os que conheceram o conhecimento, talvez eu me torne um pouco mais agradável e mais bem vestido.

O difícil é quando começamos a usar roupas mais vistosas, e as pessoas creem e deduzem que nos tornamos pessoas metidas.

Será que se tornar um intelectual é ser metido, ou apenas chegar num ponto sólido de senso crítico, meios cabíveis para debater com a sociedade e desmascarar teses equivocadas?

Talvez eu queira ser, então, um intelectual. Andar de boina, fumar cachimbo, andar por aí de gravata borboleta e debater sobre cinema alemão.

Será que bastam a boina e o cinema alemão?

Pois o que vejo são seres passados, de anteontem, debatendo o que já não acontece mais (nada contra o cinema alemão).

Talvez eu tenha que comer os cactos e dizer que passo fome, que compreendo as questões; mas eu não quero.

Talvez eu tenha que sodomizar meus anseios e dizer que gosto do gosto que eles têm; mas eu não gosto.

Talvez eu encare as pessoas e diga a elas o que fazer, o que pensar, o que sentir; mas eu não sei.

Como chego ao respeito dos outros? Como chego, afinal? Renato F. Marques

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 11/03/2013
Código do texto: T4183032
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