Nós e o Futuro
... Eu aqui, caminhando sobre esse mesmo chão
Fagulhas de temporalidade me cercam
Certa dor-de-humanidade me contém nessa vida
Ainda não percebo se morto ou vivo
Morte em vida ou vida em morte
As peças frágeis, que usamos pra montar nosso mundo
Estão quebrando, não suportando o peso da mentira
A doce criança que abre seus olhos nesse mundo...
Que pena, eu diria... Que a má sorte desperte seus ideais
Eu diria que sou essa quimera, esse monstro alquímico
O resultado de seus devaneios mais criativos e caóticos
Eu sou essa fresta por onde você enxerga o mundo tão infinito
Sou a forma do universo se reconhecer senhor-do-tudo
Existe algum sabor de vitória que apenas a derrota nos dá
Quando perdemos para as nossas tentações e desejos mais voluptuosos
E o nosso anti-heroísmo é ativado com inglória e absurdo
Não existe perdão sem pecado... Rejeito o deus... abraço o vento!
O tempo amorteceu a eternidade, mentiu para os sentidos
Aprendemos a desistir... A inflar o peito com um orgulho morto
Vitimamos o mundo? Despimos a inocência!
Bravo novo mundo, bravíssimo! Que babaquice, que tolice!
Enquanto pseudogenes religiosos dividem a humanidade
Uma retrotransposição da idiotice, fundamentada na experiência-não-vivida, se alastra
Seria um sinal dos tempos? Não, eu diria que é um sinal de que no processo da vida
Destruímos as pontes entre nós, entre nós e a natureza, entre nós e o futuro!