Olhos Verdes
Detalhes são, de certo modo, formas de expressar o inexpressível.
Premissa difícil de aceitar quando não apoiada em estudos científicos ou confirmações racionais. Pensamento inerente ao homo sapiens.
Contudo, afirmo com certa prudência que, essa condição é aplicável única e exclusivamente à superfície reluzente esverdeada dos olhos.
Mas não me refiro a globo oculares de coloração chamativa resultantes de uma combinação genética ou a versos eloquentes que sempre usam dessas artimanhas para comover mentes menos críticas.
Me refiro ao sentimento de total perplexidade;
De puro anseio;
Da sensação de descontrole;
Do claro, do escuro;
Do certo e do errado;
Do amargo gosto da não linearidade;
E do doce sabor da arte estonteante;
Todas formando uma combinação, provocando a única ação plausível de que isso não pode ser processado pelas cargas neurocerebrais antes das veias que ligam o coração ao resto do corpo vibrarem em um uníssono ritmo.
Cai não como uma escolha que da qual posso ter o direito de verbear pelo arrependimento, mas sim como uma maldição que carrego, um fardo incidente que alastra-se na velocidade de uma célula cancerígena.
Impossível explicar a castanhos alheios, mas fácil de perceber à meus verdes próprios.
Inclusive sou tolo em, predicar de forma tão simples, essa combinação que beira a proporção áurea. Destacam as raízes verde oliva, penetrantes em um solo fértil de âmbar negro esmeralda, como o mesclar da terra amarronzada rendendo-se ao vermelho escarlate de um fim de entardecer.
Destacam e expressam as respostas antes mesmo de saber as perguntas, como um porto seguro em um mundo de escolhas impossíveis.
São esses os olhos, preenchidos de infindáveis tons de verde, que logo verei, flutuantes em um mundo caótico, belos e meigos na mesma proporção de complexos e profundos.
Detalhes são, de todo modo, formas de expressar o inexpressível.