"do caderno de vidro, alguns cacos guardados"

Claro, não poderia abandonar no lixo...

Se minha pele tem o seu gosto, dado às digitais ao tempo

Não quero lhe dizer o inconfessável

Você sabe o quanto é difícil criar palavras novas aos sentimentos usados

Estive pensando em abrir na página do meio

Lá, onde um dia, você olhou nos meus sonhos

Onde havia uma pureza certa, clara como luz

Onde me via aprendiz e apaixonada pela vida cotidiana

onde eu já amassei uns papéis para reciclar pensamentos...

(os mesmos cimentos do peito que usei pra me guardar)

Não vou mais amassar papéis sem passar a limpo o rascunho feito

Nem posso quebrar o vidro do meu caderno, sem me ferir...

E não sei mais pronunciar aquela Palavra, inteira e bonita...

Talvez o hálito precisa de um frescor, que não virá... eu sei.

Tento agora ouvir outra voz

Dançar noutras linhas

Imagine, dar passos no ar

e sonhar

som

ar

me respirar!

Rose Rocha
Enviado por Rose Rocha em 07/03/2013
Reeditado em 07/03/2013
Código do texto: T4176154
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