MORTE: Crise
Dizem que a crise foi culpa nossa e que todos temos de a sofrer e, para além, pagar.
Mas vejo que poucos dos sofredores grandes, esses que alardeiam de mandar e saber, morrem pela crise.
E sim vejo (nem sempre os jornais e telejornais dão a notícia) que os pequenos, aqueles que tão pouco fizeram por trazer a crise ao mundo, esses, justamente esses morrem nem sempre crucificados.
E com eles morro eu pouco e pouco; sinto morrer com eles lentamente, como se algum fantasma invisível de poutas infames nos afogasse impiedoso e, ao mesmo tempo, chuchasse o nosso sangue como água de sal e medo.
É a crise!
Predica por cá o chefe do governo e o seu rei cirurgiado avondo: não podemos fazer outra cousa.
São eles e os seus os fantasmas, mas visíveis e desvergonhados.