Um passado presente

O tempo passa. À medida que algumas pessoas chegam, outras vão embora; sendo algumas definitivamente, se é que me entendem. Com algumas, sua partida nos é indiferente, às vezes nem notamos. Com outras, pelo contrário, sentimos como se um ente querido tivesse saindo de nossa vida. E vem como um baque, que nos pega despreparados. Afinal, nunca esperamos ser descartados da vida de pessoas a quem destinamos nossos melhores sentimentos. Embora, ao nos depararmos com uma situação semelhante, até cheguemos a pensar: "como pude me importar com alguém assim por tanto tempo?". Isso, quando se trata de pessoas que nos conhecem desde menino. Que acompanharam grande parte de nosso trajeto. Que sabem muito mais do que algumas pessoas de hoje, mesmo as mais próximas. Triste constatar que só porque deixamos de ser as crianças de anos atrás - por não termos superado as expectativas que criaram a nosso respeito - chegamos a ser descartados como objetos que depois de tanto tempo perdeu seu valor e/ou importância para alguém. Ainda assim, em minha vida, sempre haverá um espaço para cada pessoa que me marcou quando eu ainda era um menino, quando ainda tinha sonhos em comum e não conhecia tanto assim do mundo e as complicações de ser um adulto. Porque ao sermos crianças, não imaginamos o quanto "crescer" é doloroso, difícil; muitas vezes triste, mesmo em meio a tantos momentos e lembranças felizes. Hoje, apesar de tudo que acontece e, de todos que chegam e saem de minha vida, posso afirmar: me conheço através de minhas atitudes; mas me reconheço através de meus amigos, principalmente aqueles que nem imaginam o quanto os considero. E ainda assim, continuam sempre presentes em minha vida. Mesmo quando a ausência se prolonga. Já que, às vezes, ela se torna bastante necessária para nos darmos conta disso.