Não fomos projetados; mas somos capazes de projetar.
 
Não somos o desígnio de nenhuma inteligência; mas possuímos inteligência para designar.
 
Não temos especial razão para aqui estarmos; mas podemos racionalizar já que aqui estamos.
 
Não somos importantes para o universo; mas somos importantes enquanto seres sociais.
 
Não podemos reconstruir do zero este mundo; mas podemos transformá-lo, transformando-nos primeiro.
 
Não somos perfeitos o suficiente para crer em infalibilidade; mas somos humanos o suficiente para reconhecer nossas falhas e continuar tentando acertar.
 
Não somos dignos o bastante para servir de exemplo de sabedoria, altruísmo, humanidade e felicidade, mas somos ousados o suficiente para construir nosso amor e nele encontrar a sabedoria do viver, o altruísmo no viver, a humanidade para viver e a felicidade neste viver.
 
Não somos revoltados o suficiente para revolucionar a sociedade humana que mantemos, mas somos competentes para pelo menos tentar.
 
Não somos o resultado primoroso de nada; mas somos o resultado de uma evolução focada no erro de cópia, na especialização e na seleção natural daqueles espécimes mais preparados para deixar descendentes.
 
Não somos a imagem da perfeição em nada; mas podemos idealizar alguma perfeição em tudo o que fazemos.
 
Não somos donos de nada neste mundo; mas deveríamos ser usuários conscientes de tudo neste mundo.
 
Não somos imagem e semelhança de nenhum deus, mas criamos um deus que é a imagem e semelhança do que gostaríamos que ele fosse.
 
Não somos eternos; mas podemos viver tão intensamente o presente com amor, que a eternidade passa a ser mero detalhe de menor importância.
 
Não nasci sendo, então, já o eu que hoje sou; mas nasci sendo uma prévia incerta e incompleta deste eu.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 05/03/2013
Código do texto: T4171932
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