Escrever é reescrever-se
Quando li ‘o livro’ de Rosa fiquei imaginando qual teria sido minha reação ante os sentimentos de Riobaldo se eu desconhecesse o segredo final. Um jagunço declarando amor por outro homem, cabra macho igual... êh-êh! Teria eu deduzido final parecido? Como me sentiria então se ao invés de hoje fosse eu jovem moço outrora, quando foi publicado o livro pela primeira vez, mil novecentos e cinquenta e seis, na sombra de tabus de certos temas e assuntos? O que teria eu pensado do autor e de outros aspectos da obra? Não sei e talvez não saiba nunca, a menos que me ponha a reescrever e reescrever-me, como Rosa fez. Vale a pena perguntar-me? A tinta, e o papel.