Não se sabe a hora
Somente quando alguém que amamos se vai, nos damos conta do quanto somos frágeis, vulneráveis; do quanto a morte nos ronda. A maneira como, sem avisar, ela chega. Devora-nos! Leva-nos! Despedaça sonhos, abrevia vidas; traz dor, sofrimento, vazio. Como pode? Em uma hora estamos rindo com alguém; na outra, choramos a falta que esse mesmo alguém nos causou. Por querer? NÃO! Simplesmente porque é inevitável. Quando menos esperamos ela chega. Fria, seca, ríspida! Sem imaginar o estrago que vai causar a quem ainda espera por ela. Com medo, com coragem; não importa! E quando já temos uma idade avançada? Uma bagagem, às vezes, um tanto quanto pesada? Quantas memórias deixamos para trás? Aí ficam as perguntas: "quando será minha hora?", "quantas pessoas ainda terei de ver partir?", "quantas fatalidades e noticiários ainda terei de presenciar antes de chegada a minha hora de dizer adeus a quem amo?". A morte é mesmo muito atrevida. Não avisa! Silenciosamente, minuciosamente, ela calcula cada um de nossos passos. E é um deslize, e está feito! Lá está ela pronta a nos visitar. O que fazer então? Chorar? Sofrer? Ninguém que passa ou já passou por isso teria uma resposta fácil; pronta, para ser despejada ao mundo. A única certeza que temos: de uma forma ou de outra, ela é quem sempre chega. E aí, meus caros, nada mais pode ser feito.