Sou eu
Sou eu a sela que trincafia
A chave que não desafia
Não retiram...não aprisionam
Retiro eu de mim
Os segredos que mais a mim segredam.
Sou a corrente que arrasta os pés
Na noite escura
Os fantasmas espremidos pelos cantos.
O corpo pesado esquecido das levezas
A fogueira espigando em labaredas.
Sou o vazio e o que está cheio
Sou eu que desagrego
Fecho a cortina e me nego.
Não são esses dedos que me apontam
Ou estes olhares que denigrem minha imagem
Sou eu vestindo essa estranha roupagem.
Não ter um culpado
Ser o que condena e o condenado.
Vivo aqui desejando o etéreo
Ser menos severo.
Dói atravessar a pele em que habito
Revestir-me de tecido infinito
Olhar o firmamento
E querer ter o próximo momento.
Imagino lugares que agora não ouso descrever
Onde o riso corre largo e desenvolto
Cheio dessa felicidade que tanto espero
Que eu mesma solto e desespero.