INDIGNA...

Na madrugada de 26 de fevereiro de 2013

E aquele homem, meu companheiro por tantos anos, escreve, publica; vou à procura do que ele publicou, leio, comovo-me, não ouso qualquer comentário, como se eu não fosse digna disso, de comentar seu texto. Como se eu não fosse digna. Sem coragem para lhe telefonar, também, para saber se ele está bem. Indigna?

Ah, esses sentimentos que me assolam e eu, sabendo que não os mereço; sentimentos que me vêm matando há muito, há séculos, aos pouquinhos. Não apenas no que se refere ao meu ex-companheiro. Não apenas no que se refere a ele. Não apenas. Eu: poço-vivo de culpas. Eu: poço de culpas vivas. Deveria me perguntar: “Haverá alguém que se mortifique por alguma... não digo culpa... por alguma responsabilidade não devidamente cumprida que julgue ter em relação a mim? Haverá?”

Devo ter ajudado a matar algum Cristo – perdoem-me por esse “algum”. Vede: esse pedido de perdão pelo “algum” patenteia como me movo, o tempo todo, pela(s) culpa(s) às quais, a bem da verdade, não faço jus.

Quando haverei de me perdoar, a mim, Senhor, pelos crimes que não cometi? E pensar que vivemos em um País e em um planeta no qual criminosos notórios, acusados por crimes com real dolo, assassinos confessos, erguem a cabeça, diante de todos, com muito orgulho de si mesmos e de seus feitos!

*********************************************************