Pérola de um Peregrino

Foi um desafio pra mim ter que encarar e aceitar a dura realidade de que tudo um dia nessa vida se acaba.

As receitas e os manuais de como lidar com o por vir que alguns me deram só me alienaram da realidade do mundo e da vida.

Depois que experimentei dores viscerais causadas por perdas e rupturas inesperadas, foi que eu me vi desiludido e desolado feito criança enlutada por estar órfã de pai e mãe.

Bate uma impotência brutal ter que vê o seu valioso diamante se desfazer na palma da mão e não poder evitar que ele se escorra entre os seus dedos.

Finalmente, aprendi que a melhor pedagogia sempre será baseada nas experiencias vividas;

Hoje, tenho a consciência de que ninguém deve se iludir por se sentir confortavelmente 'garantido' em relação as conquistas; seja ela material, profissional ou sentimental.

Qualquer encanto é como um belo cristal frágil e quebrável.

Uma brisa te traz um bem, ou alguém especial, mas vem um misteriosos vendaval e os leva da gente pra sempre num simples sopro.

Depois de aprender com as duras lições da vida, foi que me dei conta de que até o corpo em que habito não me pertencia; pois amanhã, a terra vai requere-lo de mim.

Hoje percebo que ganhar é saber perder, pois enquanto eu achava que perdia, aí que eu ganhava; Ganhava senso de razão e coragem pra enfrentar o medo neurótico de lidar com a realidade do destino, do futuro, do inesperado e do inevitável que pudesse me incidir implacavelmente a qualquer instante.

De fato, as dores, as agonias, os prantos, os abatimentos e as melancolias tem se tornado instrumentos cirúrgicos no meu processo de se tornar alguém melhor;

Melhor do que eu mesmo, melhor para as coisas e para as pessoas que eu convivo;

Melhor no amor, na dor, na perda, no luto, na festa, no desamparo, na bonança, na conquista, no muito, no pouco, no mundo e na vida.

Nasci nu, e ainda no berço, lá estava eu sem dentição, sem fala, vulnerável e a mercê de um futuro incerto;

Hoje, entendo que tenho me tornado na melhor versão de mim mesmo; senhor de si, sujeito de minha própria história, pessoa de 'peso' e de 'medida'.

Esses desafios da vida me preparam para conquistar o melhor que posso, mas sem negar a realidade de que o pior pode me surpreender.

Finalmente, quero terminar minha carreira existencial e poder dizer pra mim mim mesmo: "O maior de todos os tesouros que conquistei em vida foi os valores que a pautei."

Dário Souza

Dário Souza
Enviado por Dário Souza em 24/02/2013
Reeditado em 27/02/2013
Código do texto: T4156984
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