Obrigado meu pai.

Os bons tempos eram aqueles do fogão a lenha, do coador de pano, do mancebo onde se punha o bule esmaltado, do filtro de barro, da caneca de alumínio, das bacias de banho, do regador de plantas, da manteiga de verdade, e uma sacola de pano atrás da porta onde se guardavam os grandes pães de meio quilo que eram comprados.

Mas os tempos mudaram e já é de muito tempo que o fogão é a gás, o coador é de papel, não há mais bule esmaltado, nem filtro de barro e os banhos são debaixo de chuveiros eletrizados assim como as plantas são regadas com mangueiras emborrachadas e os pães além de miúdos costumam não ter gosto de nada, nem passando esta tal de margarina que agora é usada.

Mas bem dizer nem os próprios filhos são os mesmos, e poucos são os que ainda dizem bença mãe, bença pai, poucas são as famílias que se reúnem em torno de uma mesa, e o resultado desta vida que muitos dizem ser moderna se vê nos rostos abatidos dos tantos pais que visitam os filhos na cadeia.

Ainda guardo comigo um velho par de calçados, não os meus, mas aquele que meu pai gostava de usar, sem duvida uma boa recordação do meu velho, e hoje vendo o lado sério da vida eu posso dizer feliz e agradecido por ele ter conhecimento da outra utilidade que este velho par de chinelos podia ter, alem é claro, de proteger os pés.

DIASMONTE
Enviado por DIASMONTE em 22/02/2013
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