Crer em um deus monoteísta é ser ateu de todos os outros deuses. Ao longo do tempo cremos em um desfile de muitos deuses. Mesmo crer em um deus monoteísta específico, é não crer nos outros deuses monoteístas, pois é impossível que todas as religiões monoteístas se refiram ao mesmo deus. Eu, parafraseando alguém que li, dei apenas um passo a frente e entendi que não é necessário, para o que aqui existe, também a existência deste e de nenhum deus monoteísta.
Mas cabe comentar que tornei-me ateu, e não que “sou” ateu, o meu ateísmo é uma decorrência natural de meu amor pela vida, pelo social, pela realidade e pelos conceitos materialistas que me motivam.
Não sou bicho papão por isto, sou sim bicho homem lutando para construir minha humanidade do estado de homo sapiens que sou, próximo de uma desesperança que me faz mais ainda amar o vivo, o real, e não apenas os fenômenos, mas muito mais as engrenagens e os mecanismos que movimentam o universo e que em geral ocorrem no subsolo da vã realidade superficial dos fenômenos, por isto amo de paixão a ciência não somente a experimental, mas a ciência séria teórica e o seu suporte, a matemática, que entendo a maior construção de nosso intelecto.
A ciência nada cria, ela estuda, modela, apreende e aprende o que aqui já está, a ciência é conhecimento, puro e simples entendimento do que já existe, a matemática, esta sim, é criação, e sobre as pseudociências prefiro meu silêncio, ao risco de ofender ou melindrar crenças dos irmãos.
Foi este caminhar que me levou de crente cristão teísta, ao deísmo, deste ao agnosticismo (por fraqueza de já não ter assumido meu ateísmo), (nunca fui panteísta, por mais que alguns assim me qualificassem, se deus é a própria natureza, mais um motivo para dele não precisar, eu tenho a bela, maravilhosa e exuberante natureza aqui bem perto de mim), e finalmente com o nascimento de meus filhos, saí do armário e tornei público meu ateísmo. Não era justo que meus filhos crescessem com um pai que não ousava assumir o que pensa e o que respeita.