Espontâneo 26

Então você percebe que começa a ceder...

que deixa os outros te empurrarem para lá e para cá -diz que

vai aonde o vento leva, mas na verdade vai aonde o sistema te empurra.

Você relaxa.

Tanto faz já é rotina -há muito tempo, de fato.

Pai e mãe já são doenças, não por idade, jamais por isso...

são assim desde sempre... sempre adoecendo-me.

Enlouquecendo-me, arrancando-me a paz que sempre tenta me tomar.

Ora são fardos, ora são meros tragos.

Permaneço calada, sempre.

Não mais falo. Não falo porque de nada vale.

Já nem sei mais o que é certo ou errado,

acho que essa coisa toda, para mim, é coisa do passado.

De que adianta dizer algo se você diz que A é A

e para pessoa A é Z? Nada.

Você cansa uma hora, você cansa inúmeras horas...

até que um dia você aceita essa vida maluca,

ou então rejeita -sabe como...

Talvez essa será a minha deixa.

Não falo, porque o coração de todo mundo é pequeno

e amor nenhum mais cabe.

E assim vou indo... cedendo, deixando ser levada, empurrada

e extremamente, extremamente sufocada...

Não mais falo... não falo nada.

Larissa Maciel
Enviado por Larissa Maciel em 20/02/2013
Reeditado em 15/04/2013
Código do texto: T4150348
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