Espontâneo 26
Então você percebe que começa a ceder...
que deixa os outros te empurrarem para lá e para cá -diz que
vai aonde o vento leva, mas na verdade vai aonde o sistema te empurra.
Você relaxa.
Tanto faz já é rotina -há muito tempo, de fato.
Pai e mãe já são doenças, não por idade, jamais por isso...
são assim desde sempre... sempre adoecendo-me.
Enlouquecendo-me, arrancando-me a paz que sempre tenta me tomar.
Ora são fardos, ora são meros tragos.
Permaneço calada, sempre.
Não mais falo. Não falo porque de nada vale.
Já nem sei mais o que é certo ou errado,
acho que essa coisa toda, para mim, é coisa do passado.
De que adianta dizer algo se você diz que A é A
e para pessoa A é Z? Nada.
Você cansa uma hora, você cansa inúmeras horas...
até que um dia você aceita essa vida maluca,
ou então rejeita -sabe como...
Talvez essa será a minha deixa.
Não falo, porque o coração de todo mundo é pequeno
e amor nenhum mais cabe.
E assim vou indo... cedendo, deixando ser levada, empurrada
e extremamente, extremamente sufocada...
Não mais falo... não falo nada.