A minha maior batalha é contra a desumanidade, é assim também e principalmente contra mim mesmo.
 
Dizer que luto pela honra e glória do amor é já estar sendo pedante, presunçoso, vaidoso e mentiroso.
Não luto por nenhuma honra e glória, nem de mim e nem de ninguém, travo uma luta mental entre alguns dos que sou e outros que sequer conheço.
 
Não vejo sinais.
Não ouço ladainhas.
Não sinto a presença de nada maior.
Sinto sim a vergonha do que sou, a vergonha de não ser o que deveria ser, a vergonha de me omitir e de não ousar contra o que aqui está de injustiça humana e social.
Vejo sim a falibilidade da vontade, a falsidade de meus atos que pratico ou que deixo de, por omissão, praticar.
Ouço sim, vozes de desejos.
 
Luto uma luta inglória, pois jamais derrotarei por completo meu real inimigo, sem me derrotar a mim mesmo. Somente a morte me libertará da desumanidade que bate latente em alguns dos meus seres.
 
Horas tenho medo, horas me revolto, mas a revolta verdadeira contra o medo da inação não me chega latente. A hesitação me sufoca, não deveria ter chances de hesitar, deveria ter a coragem humana de me expor de corpo e mente contra o que aqui está. Fazer ou morrer deveria ser o lema que me fizesse me mover frente a transformação do viver que sinto experimentar.
 
Sinta o ritmo pulsante da miséria que você ajuda a manter, se entregue a melodia do amor como ator e ação, como matéria e energia, como campo e força, e deixe que a sinfonia cacofônica do existir te permita ser enquanto realiza e realizar enquanto és.
 
Sou um fraco que se esconde por detrás de palavras dóceis quando deveria estar a frente de atitudes desobedientes que fossem, mas que jamais fossem submissas a nada que não seja racional, amoroso, humano e social.

Hei de vencer esta batalha, se não for pela humanidade, que seja por meus filhos.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 17/02/2013
Reeditado em 17/02/2013
Código do texto: T4144413
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