Ainda bem que sei nadar

Atravesso uma tempestade a nado.

Não tenho colete salva-vidas, bote, muito menos uma tábua para flutuar.

Para agravar um pouco, não para de chover e as ondas são altas demais.

Embora seja triatleta e habituada a longo períodos em alto-mar (desde criança enfrento as águas), ainda me assusta ver a fúria do oceano.

Estou com sede, com fome. Tubarões giram em torno do meu corpo, mas parece que não desejam minha carne, por alguma razão que não compreendo.

Não agora.

O sol, antes irritante pelo excesso de calor, agora é desejado, pois o frio beira o insuportável.

Enxergo uma ilha, terra firme onde posso mirar e ter esperança.

Está longe demais. Não sei se consigo chegar lá.

As gaivotas voam próximo a mim. Não vejo embarcações, a única coisa que ainda me resta é a força de meus braços e meus pés,

eu tenho o nado.

Se eu parar, desfaleço. Preciso continuar.

Não importam as circunstâncias, a vontade de chegar ao destino é maior que tudo, maior até que minha dor que ninguém pode medir ou sentir.

Nunca fui especialista em derrotar o inimigo, chegar e agir, destruindo a forte do sofrimento. Mas resistir, isso sim, é como um dom nato e aperfeiçoado com o tempo.

Nesse lugar onde meus sonhos estão eu sei que tudo será melhor...

poderei ser plenamente feliz e retomar as lutas mais tarde, eu sei.

Basta apenas seguir adiante. A ilha é logo ali.

Posso vê-la cada vez menos distante.