Por que a pressa?
Depois de sentirmos e vivermos certos anos,
começamos a aprender, mas não entender;
ficamos cientes, mas não compreendemos a gente e as gentes... Temos a certeza e a insegurança de quem somos,
para aonde vamos e nos perguntamos: por quê?
Os porquês com que nos vemos confrontados são variados.
E muitos deles, não decifrados devido as nossas limitações,
têm a capacidade de nos impressionar simplesmente pelo fato de terem sido suscitados, mas também pelas grandes e complexas explicações que exigem.
Na busca de respostas para os porquês, além de nos atropelarmos, atropelamos o tempo, que se tornou nosso contratempo.
Deixamos de viver e passamos a funcionar como um relógio
sem ritmo, sem movimentos precisos e sem ócio.
Estamos cada vez mais sem noção, sem exatidão, sem perdão,
sem diversão, sem sensação, sem coração, sem eira nem beira,
sem referência, sem coerência, sem idas e vindas: liberdade,
sem equidade, sem verdade, sem sossego, sem aconchego,
sem sabores, sem flores, sem amores, sem Cia, sem dia,
sem noite, sem aloite, sem passado, sem presente e
carentes de um futuro prematuro.
Tudo se transformou provisório, descartável, transitório.
Já não mais há ordem, sucessão, na nossa mente entorpecida e doente. Vivemos sem fruição do momento presente.
Nessa corrida contra o tempo, onde tudo sugere urgência,
não importa a velocidade impressa;
nunca o rápido, mesmo com toda potência, será depressa.
Aonde queremos chegar e estar? Por que a pressa?