Morrendo...
Estou morrendo.
Já é de noite e sei que me resta pouco tempo, vou escrever e contar sobre o meu breve dia.
Estou morrendo.
E é assim a muitos dias, quando o sol nasce e meu celular desperta, levanto-me recém-nascida, sou uma página em branco, fresca e com muitas possibilidades de escrita.
Estou morrendo.
E enquanto me arrumo penso: devo aproveitar bem, porque hoje pode ser o último dia.
Estou morrendo.
E arrumada saio de casa para enfrentar a vida, enquanto as horas vão correndo eu vou ganhando forma e consistência, a cada tic-tac vou me tornando o que tenho que ser.
Estou morrendo.
E sou preenchida por sentimentos horas azedos, horas amargos, outras vezes salgados, outras insosos e raras vezes são doces sentimentos, eu provo cada um, sem queixas e caretas, mastigo devagar para não desperdiçar nenhum ensinamento que com eles vem.
Estou morrendo.
O Sol se pôs, cumpri minhas tarefas e agora enquanto volto para casa eu me lembro que me resta pouco tempo.
Estou morrendo.
Hoje pode ser o último dia, o sono vem chegando de mansinho e me embala em seus braços, mas, agora, não sinto tristeza, sinto gratidão, venci por mais um dia.
Estou morrendo.
E enquanto durmo sonho com o meu amanhã e já me delicio imaginando as letras que preencherão a minha página em branco de manhã, se ele chegar para mim.
Estou morrendo.
E como disse Paulo Leminsk em algum poema: “Morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma”.