Morrendo...

Estou morrendo.

Já é de noite e sei que me resta pouco tempo, vou escrever e contar sobre o meu breve dia.

Estou morrendo.

E é assim a muitos dias, quando o sol nasce e meu celular desperta, levanto-me recém-nascida, sou uma página em branco, fresca e com muitas possibilidades de escrita.

Estou morrendo.

E enquanto me arrumo penso: devo aproveitar bem, porque hoje pode ser o último dia.

Estou morrendo.

E arrumada saio de casa para enfrentar a vida, enquanto as horas vão correndo eu vou ganhando forma e consistência, a cada tic-tac vou me tornando o que tenho que ser.

Estou morrendo.

E sou preenchida por sentimentos horas azedos, horas amargos, outras vezes salgados, outras insosos e raras vezes são doces sentimentos, eu provo cada um, sem queixas e caretas, mastigo devagar para não desperdiçar nenhum ensinamento que com eles vem.

Estou morrendo.

O Sol se pôs, cumpri minhas tarefas e agora enquanto volto para casa eu me lembro que me resta pouco tempo.

Estou morrendo.

Hoje pode ser o último dia, o sono vem chegando de mansinho e me embala em seus braços, mas, agora, não sinto tristeza, sinto gratidão, venci por mais um dia.

Estou morrendo.

E enquanto durmo sonho com o meu amanhã e já me delicio imaginando as letras que preencherão a minha página em branco de manhã, se ele chegar para mim.

Estou morrendo.

E como disse Paulo Leminsk em algum poema: “Morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma”.

Kelly Soares
Enviado por Kelly Soares em 16/02/2013
Reeditado em 17/10/2016
Código do texto: T4143255
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