AMOR

Falar sobre amor nada resolve, é necessário que trabalhemos pelo, para e com o amor. O amor morre em si só quando nos esquecemos que amar é um ato que se realiza nas obras. O amor platônico, ideal ou meramente introspectivo é ilusório, pois de amor possui somente a semântica e o significado imaginário, somente se materializando como algo real na doação de si mesmo, na extrapolação do que somos pelo que somos capazes de realizar.

O amor teórico pode ser linguisticamente belo, mas de nada serve, pois somente atua na superfície arenosa do pensamento fluídico, ou imagem sem força maior de nada construir. Para amar necessitamos transcendermos de forma imanente ao nosso ente mental e oferecemos algo de obras para que este amor faça sentido.

Mesmo o amor poderosíssimo de pais para com seus filhos é morto em si mesmo se não floresce em entrega e construção conjunta de uma família, na realização de um novo ser que nasce para o mundo, e que viverá a dualidade de necessitar ser protegido deste mundo e de necessitar aprender a defender este mesmo mundo, quando adulto necessitará se defender do mundo defendendo-o, se não por outra coisa, apenas por ser o nosso único lar legítimo. O mundo não precisa necessariamente de nossos filhos, temos de protegê-los enquanto jovens em uma família, mas devemos educá-los para aprender a amar este insensível mundo, que mesmo insensível, destas crianças um dia necessitará pela luta de sua defesa.

Amar não é algo de fora para dentro, muito menos de dentro para dentro, também não é algo místico ou que venha dos céus, a mística imanente do amor está em saber que ele é frágil sem obras, mas poderoso quando constructo de algo real, que necessitamos construí-lo diariamente por ousadia, vontade e verdade, expondo-nos a erros, mas na certeza de que estamos a caminhar enquanto outros preferem a inação e a ficção de parecerem amorosos. O amor é ao mesmo tempo forte e frágil, forte pela coragem e ousadia de nos forçar rumo a nossa humanidade e ao ser social que somos em essência, mas frágil pois pode ser facilmente desvirtuado, até mesmo em vaidade, e principalmente em insensibilidade e pode ser rapidamente corrompido por nosso circuito neural que o pode perceber como algo que nos faz melhores, apenas na petulante e arrogante ideia de que somos superiores. Superiores? Só se for em interesses nada humanos. O amor é forte não porque nos proteja, nos salve ou nos defenda, ou mesmo porque possa ser utilizado como moeda de troca nesta vida ou em alguma iludida vida futura, o amor é forte porque nos faz mais humanos e nos prepara para o que a vida neste insensível mundo possa nos levar. O amor é forte pois nos leva a melhor viver, em uma perspectiva social e humana.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 12/02/2013
Código do texto: T4136820
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