Em tua luz.

Em tua luz.

E foi em tua luz que encontrei meu caminho

O orvalho em tua pele, era um convite ao prazer

Salgou-me a boca e matou-me a sede

Fostes aragem doce nas manhãs e a brisa morna ao anoitecer

Me acolhestes como criança em colo confortador,

e hoje dou-te em troca, este singular de amor

Nos labirintos e tramas da vida, ficou a escolha por amar

Não um amor abrasivo, mas um amor gostoso só de se dar

Nos redemoinhos dos sonhos, acontecemos nós

Sem pretensões ou delírios, palavras sem som e sem voz

Nos turbilhões das idéias, apareceram os desejos de nos amarmos

Sem cobranças e sem medos, o amor se fez ao nos falarmos

Eu vesti a sua pele, sorvi seu suor e matei minha sede em seus rios de sangue

Suas veias eram meu mar, eu corria por elas como

sanguessuga da vida.

Vida que guardavas para mim, lambi suas feridas

com a seiva cicatrizante de meus desejos nos matei num só

beijo

Seus poros foram as fendas desbravadas, e em cada um havia o gosto do gozo

Furtivamente roubei sua alma, vela ao vento em mar revolto e ateu

Parecias manso, mas bicho solto me repudiava ao me querer,

mais e mais

Era o fogo que nos queimava, era o êxtase que nos acalmava.

Morri um pouco ao ser sua, vivi um tudo ao seres meu...

(Fátima Ayache)

(15/09/2000)