Um pedacinho do mundo

Abriu os olhos e lentamente foi entendendo tudo que estava ao redor.

- Que horas são? - pensou. Olhou no celular, 21:13. Teve uma recaída repentina e não reagiu, agora se recuperava de tudo.

Abriu a janela, a luz do poste clareou um pouco do rosto, sentiu frio.

- Triste? - Perguntou indiretamente o vento.

- Não - respondeu - confusa.

-Confusa?

- É. Tudo é tão agitado e há esse silêncio dentro de mim.

A lua brilhou.

-Eu - tornou - não entendo. Não podemos ser quem queremos, tudo já está projetado.

-Será? - Soprou.

- Não sei, sinto que sim.

O olhar era vago e se posicionava para o mundo em diante, para cada passo que ela não dava, para cada ser humano que havia.

- Serei como eles? - Questionou.

Nada ouviu.

Um sorriso tímido esteve presente no rosto. Sentiu algo na perna, era o cachorro que lambia.

- Olá garoto. Amanhã passearemos no parque, ouvindo Caetano. Sem precisar de todo esse mundo, só de um espaço para nós. Venha cá. Não consigo ser o que não sou, isso não agrada aos outros, por alguma razão a poesia me impede de viver como os demais, vivo por tal. Isso é chato, é incompreensível, mas ainda bem que o tenho. Não sei o que seria de mim sem você. Não quero fingimentos. Não quero fazer nenhum esforço, estou tão cansada, tão... Haha, eu amo você também.

O cachorro lambia sua mão. E nada mais parecia existir, só o mundo deles, um pedacinho do tudo.

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 10/02/2013
Reeditado em 10/02/2013
Código do texto: T4133662
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