ANACRONISMO DO AMAR
Camaleônico ser solitário, você ai em sua guarita disparando clicks,
usando seu mega-fone silencioso e eficiente , o mause.
Sente-se confiante e arrojado, um iconófilo não assumido,
vai acumulando em suas pastas, inúmeros visuais que o encantam,
tantas e tantas atrativas caras e poses.
Você ai estático e antenado ao estético bonitinho, clicando e clicando
lincks, sites , janelas e... numa alusão do que sonha ser.
Tão solitário e reprimido imo, não sai de frente da led, plasma e HD.
Seus outros sentidos ociosos pelo despreparo e anacronismo do sentir.
Evitando o real confronto, com o aroma, o toque, o amor, e o paladar,
você nem sente.
E neste costume sedentário, seu coração é ameaçado pelo compulsivo
consumismo da iconolatria.
Mecanicamente descartando, aderindo e adicionando outros "mauses", na
ânsia por encontrar satisfação nesta busca implacável, pelas caras e poses.
Você vai acumulando em suas inúmeras pastas, suas ilusórias possibilidades.
Viajante camaleônico solitário, a cada click de adesão, aceitação, recusa ou curtição novos avatares em se vão se personificando, criando raízes que te prendem
às ilusórias ligações, e você se prende ai ainda mais , se isolando do viver...
O sol quer ser amigo e insiste invadir,pausar e até te deletar dai onde está, ele pede ajuda ao vento que prontamente investe em sua janela real, ambos insistem
forçando a entrada , mas seu mause é mais eficiente e ligeiro e os deletam
num click, trancando a possibilidade de você, dai se ausentar.
E as raízes que te amordaçam e te prendem ai, onde você está,vão te forçando ao anacronismo do amar.
(Pensamentos e Palavras Stella Maris , 08/2013 )