O SEGREDO DAS RUAS...
Em uma noite chuvosa e monótona qualquer, eu caminhava pelas ruas, como sempre sem destino, sem pensamentos, só com um guarda-chuva e minha fiel solidão. E ao observar as pessoas presenciei uma cena, aparentemente tão irrelevante e comum, mas que, no entanto me fez pensar e refletir... Vi certo homem, um tanto triste e maltrapilho, passar em frente a um pequeno restaurante e a mulher que estava lá dentro lançou-lhe um olhar terrível enquanto ele passava, com certeza era a proprietária do estabelecimento que pensou que o homem fosse entrar armado e assaltar o boteco. Caminhei mas um pouco e de súbito me ocorreu que eles tivessem sido mãe e filho em outra época talvez a uns cento e cinquenta anos atrás em outra cidade em outra vida. E ele sendo um ladrão saído a pouco da cadeia retornando para assombrar o honesto ganha-pão da mãe na taberna. E ao caminhar pela noite chuvosa uma tempestade de memórias me conduzia de volta a imagens tortuosas do século passado. _ Não! Parecia gritar aquela mulher com seu olhar aterrorizado.
_ Não voltes para atormentar sua mãe honesta e trabalhadora!
Você já não é mas meu filho, assim como seu pai meu primeiro marido. Aqui esse senhor se apiedou de mim. (Havia um senhor com os braços cruzados ao lado dela). _ Você é mal e com tendências a badernas e a bebedeira e o que é pior ao roubo infame dos frutos do meu humilde trabalho neste lugar. Oh, filho! Você jamais se ajoelhou e rezou pela remissão de seus pecados e más ações? Pobre menino! Suma daqui! Não apavores mais meu espírito, eu fiz bem em te esquecer. Não reabra velhas feridas, que seja como se você nunca tivesse voltado e me encarado, jamais houvesse visto minha humilde labuta, meus míseros centavos duramente batalhados, os quais está sempre ávido à agarrar, sempre pronto para roubar, oh, desalmado, maldoso e sombrio filho da minha própria carne. Meu filho! Meu filho!