A Violência de Ser

"Só me sinto bem em liberdade, fugindo dos objetos, fugindo de mim mesmo..." Jean-Paul Sartre

Estou sofrendo de uma doença que fui adquirindo com as observações que tive do mundo. Estou perdido num lugar espelhado e sinto o reflexo de mim mesmo quebrando os meus ossos e despindo-me todas as emoções, fazendo com que eu me encontre só, na presença de todos os elos de meu ser... Várias pessoas gritam na minha mente, me enchem de perguntas das quais não tenho respostas imediatas. Ainda não vivi a guerra. Ainda não pude engolir todo o céu negro das madrugadas em claro nem ao menos encontrar uma resposta óbvia para o que é a morte. E logo a morte que está em todos os lugares que vou... Está aqui dentro, tentando me dizer algo, me chamando, me oferecendo uma paz que não conheço. Um mundo – se é que posso chamar o morrer de mundo – onde se dissipa a balbúrdia da minha mente. Onde se estabelece um fim para todo o ser. Destrói-se tudo. E depois? O que é que sou? O que fui?

Com os olhos fixos, à frente de um espelho, com dores de cabeça e grandes lamentações, estou eu a tentar encontrar alguém. Vejo um corpo e isso é tudo. Um fenômeno genial da natureza. Sou apenas mais um. Alguém que, de repente, sentiu a necessidade de ser, de se encontrar, de se estabelecer, de amar... A vida tem exigido muito de mim. Do que sou.

Essa violência toda do que é ser me corrói. Mas eu não sei, não faço ideia do que estou sendo há anos. Só sei que vivi, que, na maioria das vezes, fui algo em algum lugar. Um estado de espírito em constante mudança todos os dias.

Dói-me a mente – e é este o meu veneno mortal – todas as vezes que tenho pensado em mim e em onde estou. Dói-me saber que sou apenas um corpo sentado num banco frio em qualquer lugar pensando em tudo. É loucura procurar seres humanos em volta! É loucura esperar o tempo todo por uma resposta que talvez não exista. Eu vejo milhares de outros corpos. E estou ali. Estou ali mais uma vez procurando o íntimo do ser, a minha essência, os meus olhos. Mas não há nada além de uma mente se quebrando e tentando não se lamentar o tempo todo.

Laynne Reis
Enviado por Laynne Reis em 07/02/2013
Código do texto: T4128211
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