- 51 dias

Engravidei.

No primeiro momento que soube da noticia, encheram-me os olhos de alegria, e meu coração pulsou preocupado.

Sou mãe antes de ser esposa, antes de ser mulher, antes de crescer.

Engravidei e ainda não sabia se meus braços iriam saber acolher junto ao peito um ser tão pequeno e carente de amor, de afeto, do meu espírito maternal.

Engravidei, esqueci de sorrir pro relógio, esqueci de buscar nomes nos dicionários, não li manual algum sobre como ser "Mãe".

Descobri que estava grávida no momento exato que recebi a noticia de que, o que seria meus agrados e preocupação, foi embora antes de chegar. Não serei mais protetora, anjo da guarda, ou mais uma no prazer da maternidade.

Tive medo da dor física, mas não superei a dor emocional, ainda com todos os medos de como poderia ter sido, de toda complicação familiar, da falta das mãos do pai a me levar ao médico, ainda permanece a culpa de não ter cuidado melhor de você.

Engravidei, e não recebi nenhum sinal, não houve dia algum que eu pudesse sentir que aqui, estava o melhor dos presentes, tão insensível, ou tão desligada, que não percebi que era comigo que você estava.

Agora, não mais me emociono, ou me entristeço com todo esse medo e amor, nesse misto de saudades e nostalgia, já não me perco nas possibilidades, nem me recordo do que poderia ter sido. Me recupero, calada, me recupero lembrando vez ou outra, já não há mais quem culpar.

Estou me conformando mais ou menos, de todas as coisas que perco.

Lane Oliveira
Enviado por Lane Oliveira em 06/02/2013
Código do texto: T4126930
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