Sabedoria, Conhecimento e Loucura
Desde o princípio do cristianismo, “A Palavra da Cruz”, as doutrinas e princípios cristãos são considerados loucura. O Cristo que nós pregamos foi um escândalo entre os judeus e uma loucura para os gregos (I Coríntios 1.23). Ainda hoje a Palavra de Deus é considerada loucura por homens que não possuem entendimento suficiente para compreendê-la. Não nos é estranho esse fato, pois o homem, ser natural, carnal, mas, sobretudo espiritual, deixou morrer o seu espírito tornando-se totalmente materialista. A Bíblia prescreve: “O homem natural não entende as coisas espirituais” (I Coríntios 2. 14).
Somos considerados loucos por homens que por possuírem algum conhecimento científico, julgam-se sábios, a ponto de se levantarem contra a Palavra de Deus, procurando dessa forma, justificar suas concupiscências carnais, muitas vezes a luz da própria razão, não sabendo, porém, que “os seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações obscurecidos” (Romanos 1.21). A nossa fé não se abala nem mesmo diante da razão humana, pois “a fé firme e inabalável para com Deus, é aquela que pode encarar a razão em todas as etapas da humanidade” (Kardec). “São sábios para fazerem o mal, mas não sabem fazer o bem” (Jeremias 4.22).
Conhecimento não equivale à sabedoria. Atentemos para o que a Bíblia diz: “Quem entre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria” ( Tiago 3.13). O sábio demonstra sua sabedoria através de seu bom proceder, de suas obras e não somente por meio do seu discurso. Deve-se enfatizar aqui duas palavras-chaves desse versículo: procedimento e obras. O Problema da humanidade, sobre o qual universitários, cientistas e autoridades lêem, discutem e escrevem, reside no fato das pessoas não perceberem a dimensão desses dois termos.
Muitos possuem conhecimento para analisar o problema, delinear suas conseqüências e procurar, segundo a visão de cada um, diagnosticar as causas e até mesmo apontar possíveis saídas, contudo, não possuem sabedoria para perceber que o problema origina-se nos próprios sujeitos do conhecimento.
Quantos não pregaram o capitalismo como solução para o feudalismo? Quantos não pregaram o socialismo como solução para os problemas da sociedade capitalista? Sempre há alguém julgando-se sábio, atribuindo a outrem a causa dos problemas, “dizendo-se sábio tornaram-se loucos” (Romanos 1.22), pensam saber alguma coisa, mas “ainda não sabem como convém saber” (I Coríntios 8.02).
A bíblia apresenta características da verdadeira sabedoria que é: “pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia” (Tiago 3.17). Sem parcialidade e sem hipocrisia porque o sábio não pensa apenas em si, não procura favorecer apenas a sua parte ou algo em particular. Não tem um discurso desvinculado de sua prática, mas o seu proceder condiz com aquilo que prega.
Quantos discursos bonitos temos ouvido? Palavras que chegam a convencer pela maneira como são pronunciadas, contudo, quando paramos para analisar o procedimento, a ética e a moral das pessoas que as pronunciam, percebemos que tudo não passa de hipocrisia. Pessoas assim precisam nascer de novo, nascer do próprio Espírito de Deus, vivificar seu lado espiritual, voltar-se para Deus. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 1. 7). Temer a Deus é dever primordial do cristão. Por isso este é considerado louco. Mas se para os gregos que se julgavam sábios, o viver de Cristo foi loucura; e se para muitos que hoje se dizem sábios, viver o que Cristo ensinou é loucura; então somo loucos. No entanto, somos sábios o bastante para viver aquilo que pregamos. “Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias” (I Coríntios 1. 27).
A conclusão de minhas palavras é a própria conclusão de Salomão sobre tudo que viveu e escreveu: “De tudo que se tem ouvido a conclusão é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos, pois isto é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12. 13).