Sonho ou pesadelo ?

Sempre ouvi de minhas amigas/parceiras sobre o desejo de ter uma casinha (branca de varanda), um homem que a amasse acima de tudo, crianças correndo pela casa e até um cachorrinho. Longe de mim julgar a situação de cada uma delas, mas o que percebo é que isto não passa de um estereótipo que nos é incutido desde pequenos.

Mas como definir realmente o que é o sonho/anseio de uma pessoa quando temos tão pouca experiência de vida ? Geralmente se cria este sonho ainda quando criança. Todas as meninas brincaram um dia (a bem da verdade muitos dias) de boneca. E quantas não foram as vezes em que esta boneca namorava, fazia comidinha para a família, se casava, tinha vários filhos e viajava pelo mundo ?

Infelizmente censos e pesquisas tem revelado que a mulher é muito mais infeliz que o homem porque elas insistem em se encaixar em um modelo a elas imputado logo cedo. Ainda hoje percebe-se que o menino é levado a desenvolver seu lado caçador e a menina as fragilidades e trejeitos de uma dama, a ser cortejada, no momento certo, pelo seu príncipe. Muito já se conquistou nisto, mas ainda criamos nossas crianças com estas esperanças.

Sem entrar nos méritos de cada cultura, o modelo que vivemos tem gerado um problema muito grande pois cedo ou tarde, todos percebemos que somos monstros que só conseguem olhar para o próprio umbigo, quer sejamos homem ou mulher. E monstros, a curto, médio e longo termo, tornam-se incapazes de manter o outro feliz; afinal, são monstros (perversos).

O que vivemos durante os primeiros momentos, e provavelmente até os primeiros dois anos de relacionamento, é tudo para o outro, tudo para sua felicidade etc. Mas com o passar do tempo vamos colocando na mesa nossos desejos que não são atendidos pelo parceiro(a) e então surtamos; afinal, ser feliz é viver aquele modelo que nossa família, mídia e sociedade nos imputaram.

E o que geralmente acontece ? Deixamos de lado alguém que se IMPORTA conosco para tentar resolver um problema que não está no outro, apenas dentro de nossas mentes; uma realidade alternativa, uma quimera que nos leva a um ciclo repetitivo de infelicidade em sua mais repleta forma: a solidão. Sempre encontraremos ERRO, deslizes e falhas em quem escolhemos para amar, mas isto faz desta pessoa um monstro ? Ou é a minha perversidade, minha monstruosidade, que me faz mudar de direção como uma folha levada de um lado ao outro pelos ventos da vida ?

Não sei como deixar de ser monstro, mas viver debaixo de um estereótipo é chato, desagradável e desestimulante. Adequar-se ao que “esperam” de nós sempre foi assim; isso não vai mudar. Mas por que não nos libertamos disso ? Por quê ?

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