No fundo eu já sabia....
Aos 37 anos de idade, desenterro e leio a minha cartinha (antes era apenas suposição).
De tudo que li, não me espantei... A ficha caiu em determinados momentos, mas continuei.
Muita coisa mudou... Cresci, não sou mais a Betinha magrela que sentia medo de gente e era tida como diferente. A balança era desigual... Amor carinho x ciúmes e rejeição. Não adianta cobrar algo daqueles que não têm (algo) para dar. Sinto-me mais sozinha do que no dia em que fui deixada naquela maternidade. Por mais que tentem dizer que não, existe diferença, é difícil expressar o que sinto... Ao mesmo tempo em que sou grata, sinto que algumas perguntas me afligem... Mas não consigo respostas. É tão estranho, acordar de um dia para o outro e descobrir que nem tudo era verdade, que o castelo de areia onde nunca fui rainha encontra-se 100% no chão e que a família existiu somente na minha imaginação.
Amo-te minha mãe, e entendo o seu jeito de amar-me!
Pai... Saudades imensas... Sinto pelas oportunidades que desperdiçamos, eu deveria ter vencido a barreira da família fria e ter feito diferente, até porque eu era “diferente”, lembra?
Enfim... (minha) vida segue embalada ao som de poder fazer diferente... Amar, falar, expor sentimentos, me doar, receber carinho e tentar identificar momentos de felicidades. É a vida que segue...