- Oi, você.
Uma vida inteira e ainda não encontrei você. 20 e poucos anos de encontros e despedidas e ainda não conheci teus olhos.
Mais de meia duzia de verões e teu rosto ainda não repousa em meus ombros. Não é difícil amar, não é complicado sentir saudade de cada cabeça que deita no meu travesseiro, difícil é a permanência, complicado é o outro permitir sermos um.
Meia duzia de invernos e teu abraço ainda não me aqueceu, sabe-se lá quantos outonos já se passaram e as folhas secas são as mesmas que me recebe, menos seus braços se cruzam ao se chatear com meu atraso. Uma vida inteira, e você ainda não é o que registro nos meus livros, textos e poemas.
Banco vazio não acolhe coração saudoso, o meu, pesado de tantos descasos, pisoteado por tantas expectativas e decepções, espera um conforto do que ainda pode acontecer, tantos anos já se passaram, e você ainda não chegou, não disse bom dia e nem mesmo sabe meu sabor preferido de sorvete.
Metade de uma vida e você ainda não é assunto, saudades ou versos, mas é um pedaço do que ainda falta preencher, quase que uma vida inteira, e você já é o que os meus braços vão proteger.