- Logo Pela Manhã
Acordei sorrindo, assim, sem nenhum motivo, nenhuma explicação, acordei como quem dá bom dia ao porteiro, como quem recebe flores no trabalho, como quem toma chocolate quente em dias frios que se acolhe num cobertor.
Acordei sorrindo, com um gosto de sorriso inovador, com gosto de abraços por pensamentos, com a ideia de que o amor repousou logo ali, perto do porta-retrato antigo, logo ali, próximo ao beijo escondido, ali fora, na calçada calada, na calçada de segredos.
Procurei dois motivos quaisquer para explicar o sorriso nos lábios, o sorriso nos olhos. Procurei qualquer explicação, não encontrei, até porque acordei sorrindo só de lembrar o que já vivi, dos passos que já dei, dos amores que tive, não encontrei porque talvez a felicidade me visitou para mostrar que não me esqueceu, que ela é assim mesmo, chega caladinha, e permanece o tempo que permitimos que ela permaneça, e de repente todo momento pesado fica guardado um pouco distante dos nossos olhos, lá onde ele se perdeu, lá onde ele deve permanecer, ali mesmo, no passado.