Limites

Não gostamos dos limites, especialmente quando estes se interpõem entre nós e os nossos desejos, em contrapartida exigimos os limites, quando estes podem se interpor frente aos desejos dos outros que são incompatíveis com os nossos desejos.

Dois pesos e duas medidas. É assim que nos comportamos. Tudo que atenda nossos interesses, desejos e possibilidades, parece ser permitido, deveria ser permitido. Para que limites, se o que desejamos, conforme nossas próprias medidas parece ético e humanamente natural? Que culpa tenho eu se os outros é que não estão abertos aos meus desejos? Limites! Para que limites? Entretanto, tão logo os desejos dos outros se contrapõem aos nossos, e estes mesmos outros estão próximos a conseguirem o que desejam em detrimento aos meus interesses, bradamos abertamente pelos limites. Cadê os limites? Como não foram dados limites, legais, éticos ou filosóficos aos outros que estão conseguindo o que querem, retirando de mim a chance de atender meus desejos. Somos assim, normalmente advogamos em causa própria, ou no máximo em causa dos nossos: nossa família, nossos amigos, nossa população, nossos aliados, nossos irmãos em crença ou em nacionalidade. Somos “segregadores” por definição, nossas religiões assim o fazem, nossos interesses assim o fazem, nossos preconceitos assim o fazem. Cadê os limites que os coloquem nos lugares deles? Porque os limites ousam se interpor entre os meus?

Não gostamos dos limites, ou será que o desejamos? Depende apenas de que lado estamos.

Para que limites? (quando nossos interesses estão sendo limitados) Cadê os limites (apenas para os outros, quando nossos interesses estão sendo prejudicados pelas ações dos outros)

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 01/02/2013
Código do texto: T4116684
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.