O Prazer de Mentir
Todos mentem ou já mentiram e, alguns bem mais que outros. Sem isto, não haveria Verdade. Proust diz que “a mentira é essencial à humanidade” pois, na mentira, desenvolve-se a procura do prazer. Há quem prefira “ocultar a verdade”. Que seja! O fato é que mentimos para proteger o nosso prazer pessoal, ou para proteger a nossa honra (se a divulgação do prazer for contrária à honra). Na mentira há o prazer de isentar-se de responsabilidades, de culpas; aprende-se este prazer ainda Criança. Seguem-se os dias e, assim, mentimos até, e, sobretudo, àqueles que nos amam, àqueles que amamos. Só estes, com efeito, nos fazem temer em sentir o prazer amargo da mentira desejando a doçura da estima e do respeito, evitando-se, de certo, que mintamos constantemente. Quem sabe aprendamos a conviver sem as agruras deste prazer que, pra muitos, se faz mel.
Parafraseado de Marcel Proust, in ‘A Fugitiva’.
Carlos Maciel - Lingüísta