- Outras Malas

Foto antiga não recupera amor novo, carta nenhuma segue seu destino sem que as mãos permitam desapego.

Pela manhã embrulhei os últimos sentimentos e esperanças de que pudéssemos ser outra vez em nosso lar.

Não me canso de lembrar teu sotaque carregado declarando amor eterno a um pedaço de poesia escondida dentro do meu caderno.

Meu amor tem sentimentos que eu mesmo desconheço, tem preferências por literatura antiga, paixão por mesa de bar e desprezo por frases feitas. Meu amor tem 1 e 70 de alegria ao ver o nascer do dia, alguns 20 poucos anos de sorrisos transformados em abraços. Meu amor tem sotaque que canta, que parabeniza a melodia da noite de embriaguez.

Não me canso de lembrar a cor dos seus olhos e a mania de se fecharam ao sentir um arrepio na nuca, tua barba ainda por fazer criticando o desgosto dos meus ombros ao serem arranhados por ela.

A melhor canção do mundo possivelmente é teu 'bom-dia' sonolento, pedindo uns 5 minutos a mais para dormir rente ao meu peito, é tua voz que saiu forçadamente seguida de um bocejo.

Bilhete velho é divórcio sem possibilidade de recomeço, é passagem só de ida, documento que sela uma despedida desgastada pelo tempo, pelas reconciliações.

Meu amor de tão meu pôs-se a ir embora, levou um pedaço da minha alma, metade de um coração que precisou duas décadas para se recompor da última separação, junto do meu amor está minha vida que de tão dele deixou de ser minha.

Lane Oliveira
Enviado por Lane Oliveira em 31/01/2013
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