Algumas coisas da vida...
Aos 17 anos, tanta coisava passava pela cabeça que deixava tudo mais confuso do que ja era por si só... Dormir a noite era impossível, porque a cabeçava não descansava um segundo. Depois, durante o dia,ficava dormindo pelos cantos da casa.
Deixou o cabelo crescer, usava roupas rasgadas nas mangas, jeans dobrados ate o joelho... Dizia que tudo fazia parte de um idealismo maior, tudo fazia parte de uma contra-cultura. Nem sabia se contra cultura levava hífen, mas usava-o mesmo assim. Na verdade, achava tão inútil algumas regras grámaticais, que simplesmente as ignorava e inventava do seu próprio jeito, assim como neste texto.
"Por que te vestes assim guri? Parecendo um maloqueiro ?" "Porque quero mostrar para as pessoas que uma roupa ou um rótulo, não valem mais que um caráter ! Eu quero começar uma revolução!"
Levantava aos sábados na casa de algum amigo, cambaleando de bêbado. Saia com os cabelos "parecendo uma árvore de natal" jogados na cara e o casaco rasgado na mangas. Sentava em algum banco perto da praça e ficava olhando, os prédios, as pessoas, o céu... Ficava olhando a vida passar, bem de frente dos seus olhos castanhos. Ele e os amigos falavam sobre os grandes astros do rock, sobre os poetas, sobre mulheres, e sobre as noites passadas de bebedeira.
Temia um dia, tornar-se só mais um deles. Mais um ser humano, vagando pelo mundo, sem nenhum almejo na vida. Queria mudar o mundo com seu jeito de falar, com suas ideias e suas roupas rasgadas...
Queria ser poeta, queria amar e fazer rock.
Aos 17 anos, com um pé na vida nova,um pé para o começo do fim de sua vida, e ate agora nada tinha acontecido. Só um par de desenhos inacabados, poesias sem amor, noites frias, musicas sem ritmo e varias perguntas sem respostas.
Corria todos os dias a procura de algo. Algo que nunca encontrara, em nenhum lugar, nem nos livros,nem nas musicas, nem nas noites,nem nas conversas com o pai, nem nos amigos, nem nas pessoas, ou nenhum lugar da cidade.
Corria todos os dias, a procura de si mesmo.