Triângulo

Sinto o vento frio congelando o presente

A alma encolhida entre duas vertentes

O vértice do triângulo permanente.

Vítima ou acusador?

Teria eu compaixão desses olhos tão alheios

Do trajeto ambíguo que não refreio?

Procuro identificação

Sem essa constante projeção.

Abolir o sentimento inadequado

Que me joga pra todos os lados.

Essa dimensão profunda

E suas dinâmicas repetitivas.

Estes atributos descabidos

Criados e depois inibidos.

Sei que posso viver o amor

Sem esses complexos descabidos

Sem afrontar o poder alheio

Ou o meu inconsciente concebido.

Saber que o que fecha estas arestas

Rotuladas e rígidas

Estabilizando qualquer movimento livre

Em falsas seguranças

É o que dá asas a esses pés flutuantes

A esses reflexos amantes.

Apenas um eixo a ser ruído

Dessa congruência inadequada

Que em falso encaixamento nos enquadra

Por onde começar o trabalho de varredura?

Estaria ela aqui nesta lida dura comigo?

Ou seria isso tudo apenas visão do meu umbigo?

Lucinda
Enviado por Lucinda em 30/01/2013
Reeditado em 30/01/2013
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