Triângulo
Sinto o vento frio congelando o presente
A alma encolhida entre duas vertentes
O vértice do triângulo permanente.
Vítima ou acusador?
Teria eu compaixão desses olhos tão alheios
Do trajeto ambíguo que não refreio?
Procuro identificação
Sem essa constante projeção.
Abolir o sentimento inadequado
Que me joga pra todos os lados.
Essa dimensão profunda
E suas dinâmicas repetitivas.
Estes atributos descabidos
Criados e depois inibidos.
Sei que posso viver o amor
Sem esses complexos descabidos
Sem afrontar o poder alheio
Ou o meu inconsciente concebido.
Saber que o que fecha estas arestas
Rotuladas e rígidas
Estabilizando qualquer movimento livre
Em falsas seguranças
É o que dá asas a esses pés flutuantes
A esses reflexos amantes.
Apenas um eixo a ser ruído
Dessa congruência inadequada
Que em falso encaixamento nos enquadra
Por onde começar o trabalho de varredura?
Estaria ela aqui nesta lida dura comigo?
Ou seria isso tudo apenas visão do meu umbigo?