Santa Maria e a Tragédia
Que são 245 amigos a menos?
Que são 245 sorrisos, sonhos, aspirações, vontades, personalidades, companhias, abraços, carinhos e beijos a menos? Multiplique-se pelo número de pessoas que deixaram de receber esse sentimento e, talvez, chegue-se a algo próximo ao que sinto agora.
Perdi amigos queridos e venho me esconder aqui, atrás dessas palavras que não conseguem tirar esse sentimento ruim de dentro do meu peito. Ao mesmo tempo que não acredito que é minha calma cidadezinha de interior que está na TV e sedia toda essa tragédia, não consigo imaginar que se pegar o celular e ligar, eles não vão atender.
Não processei o vazio. Ainda estou com o peito cheio. Do nervosismo por um último nome de amigo que ainda não foi encontrado até a revolta pelo uso do sinalizador em lugar fechado. Para mim, ainda é inacreditável que isso esteja acontecendo.
Queria ter superpoderes. Voltar no tempo. Avisar da tragédia ou resgatar todos. Dizer para não irem, mas, como diz Cazuza, "o tempo não para e eu sou mais um cara". Noto agora que não sou ninguém e, a partir de hoje, sou, no mínimo, 245 vezes menos ninguém.
É, hoje é um domingo para chorar.