Viajante
Acabara de chegar de muito longe
Ainda nem desfizera as suas malas
A vontade de destravar o peito era imensa.
Abriu as portas, saiu à caminhar...
E saber que nada restara
A busca pela sua liberdade, consquistas.
Agora, tão aprisionada estava...
Resumida vida: Páginas em branco
Sem histórias fantásticas ou ideais
O sonho transformado em pesadelo,
Vida real... Nada mais.
As ruas, os bancos, vazios,
Folhas secas, mãos sem aceno
Coração cheio de saudades
Mente cinza, seca de sorrisos.
A agenda havia ficado para trás
Pouca vontade de ficar à recordar.
Ideia de regresso, cansou de viajar no amor.
Bastava agora a tristeza por dentro
Pensando no mundo novo,
Outros caminhos iria trilhar.
Algo ainda não calava por dentro,
Mais forte que a sua apatia
Era a saudade,
Era a vontade e o silencio à pulsar.
Iria resignar-se em fazer o papel
de mulher feliz, forçadamente, fria.
A perda não a deteria,
Mesmo sem emoções...
Seguiria sim estradas vida, à fora
Embalada em novos rostos e novas canções.