MEUS 40 ANOS
Meus devaneios me levam longe
Eu andando na minha picape
Tomando minha cerveja gelada
Estrada rumo ao horizonte
Pôr do sol se aproxima
Vou encontrar os amigos
Num pub cheio de mulheres
E isso tudo me anima
Não tenho pressa, vou devagar
Dar boas risadas, curtir liberdade
Tomar cerveja com bons amigos
E mulheres pra temperar
Na volta pra casa o carro me leva
Picape potente, grande e estradeira
E eu penso na vida, tantas coisas
Poucas fico triste, a maioria me alegra
E eu penso nas aventuras
De quando ainda jovem
Tantas incertezas, boas ilusões
Clima de nostalgia nas alturas
No rádio toca Zé Ramalho, aumento
Acelero um pouco, vento no rosto
Tantas lembranças, reflexões
E lembro de um tormento
Um amor de um passado
Onde tudo era tão louco
O mundo tão diferente
Mas me apaixonar, foi errado
Por um alguém distante
Não sei como estás, se casou
Quantas vezes sorriu ou chorou
Se lembra da aventura errante
Ou algo sem importância
Que traz vergonha, que causa mal
Que tortura todos os dias
Que significa espinhosa lembrança
Esse alguém deve estar longe
Não pela distância medida
Não pela distância em metros
Mas por uma decepção que esconde
Esconde outros bons momentos
Camufla um querer bem
Que um dia talvez, existiu
Resultado dos encantamentos
De um refúgio que não se visita
E foi deixado, abandonado
E até as linhas daquele rosto
Antes belas, são visão esquisita
E angustiado por esse passado adormecido
Chego em casa, depois da noitada
Crente que nunca daria certo
Agradecido por ter me esquecido
Não sei porque, nem de onde vem
Mas no fundo algo ainda me incomoda
Rasga meu peito, coisas do pretérito
Não sei se por você, ou por outro alguém
Como final de frase, sem pontuação
Um olhar que faltou, não sei
Ou aquela conversa que nunca houve
Mas teima em mexer no meu coração
Carro na garagem, estacionado
Mas uma noite se foi, semipreenchida
Por mulheres, amigos e bebida
E vou me deitar emocionado
E a vida vai caminhando
Com a realidade transbordando
E preenchendo meus dias
Mas talvez eu preferisse estar sonhando.