Feliz
Não sou feliz simplesmente porque quero, mas sou feliz porque quero apenas o que posso, porque desejo somente o que de mim dependa, e tenho a ousadia de ver em cada um, um irmão em espécie, mesmo que não comungue com eles de suas crenças. Sou feliz porque percebendo-me pequeno, sinto-me integrante e responsável por um nicho ecológico global, sou feliz porque aprendi que a vaidade, a petulância e a arrogância são atalhos para o sofrimento. Não sou feliz porque vivo rindo ou alienado, sou feliz porque mesmo sofrendo, busco amar em toda magnitude a essência da vida, não a minha vida ou a dos meus, mas a essência quase milagrosa do viver e busco vive-la no presente, aprendendo com o passado e sem a falaciosa esperança que me levaria, mais cedo ou mais tarde, a infelicidade pelo não alcance do esperado. Sou feliz porque amo a ciência e por isto amo e venero a natureza e toda a sua imanência. Sou feliz pois amo viver. Não bastasse isto tudo, sou feliz também pois tenho filhos, independente do que eles possam ser ou me dar, mas sim pelo que eu possa me dar a eles, por eles e pelo viver com eles.