À memória viva

Não podia imaginar que aquele rosto, em meio a tantos outros, ficaria estampado em minha mente, mas bastou vê-lo sorrir para que eu percebesse que, naquele momento, não havia outro lugar que eu desejasse ir, bastava estar ali, ao alcance dos olhos, mesmo que por desventura eu não fosse percebida por eles, no entanto, o acaso foi generoso comigo.

Nessa dicotomia que fazem entre alma e corpo, era a minha alma quem estava cansada, apenas o outro insistia pelos seus beijos, mas no dia seguinte eram os dois que ansiavam por eles e duplamente eu quis permanecer em teus braços.

Talvez, pela primeira vez eu tenha permitido ser conduzida por meus sentimentos, não sei se por haver um prazo marcado para o fim. Não ponderei, éramos dois estranhos, mas ao seu lado eu me pus por completo, eu fui sua.

Quisera eu ter novamente a doce sensação de segurar as tuas mãos, de tocar o teu rosto, de te ver dormindo em meu colo e beijar os teus olhos, talvez isso não findasse, mas tal escolha não cabe a mim. O tempo passa feito ventania, transforma tudo em tão pouco, quase nada... O que foi vivido, se esmaece.

Sinto como se estivéssemos de passagem, caminhando para o vazio, o que mais importa nessa efêmera "viagem" é o que colhemos na estrada.

Em minha bagagem, nunca trouxe comigo muitas certezas, porém está contigo trouxe-me a certeza de que estou viva, apesar de não saber muito bem como se deve viver.

Lilian Cristiane Louvrier
Enviado por Lilian Cristiane Louvrier em 20/01/2013
Reeditado em 19/08/2019
Código do texto: T4095340
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.